Turismo de pesca movimenta economia de municípios mato-grossenses
Da redação Paulo do Vale com informações SEDEC-MT
Em Mato Grosso, a pesca esportiva movimenta cerca de R$ 500
milhões e a estimativa é atingir até R$ 2 bilhões anuais nos próximos cinco
anos.
Uma das cidades mato-grossenses em que a pesca esportiva
tem crescido é São Félix do Araguaia (1020 km ao Nordeste), que é famosa pelas
belas praias de água doce e as temporadas de praia no mês de julho. O município
tem se destacado na agricultura e a pecuária e agora encontrou na pesca
esportiva uma modalidade rentável para a economia da cidade.
"Estamos fortalecendo o turismo através da pesca
esportiva. Antes eram mais as temporadas de praia, mas que não eram tão
rentáveis quanto a pesca esportiva, que tem deixado muito mais valor econômico
agregado”, avaliou a prefeita do município Janailza Taveira.
Outra mudança positiva apontada por ela é a transição dos
pescadores tradicionais e ribeirinhos em guias de pesca. Ao invés de pescar os
peixes para vender as peças por quilo, eles têm ganhado mais em levar os
pescadores esportivos para encontrar as espécies mais procuradas no Rio
Araguaia, como a pirara e a piraíba.
“Eles são os verdadeiros preservadores da natureza e dos
peixes. A Lei do Transporte Zero trouxe esse incentivo ao turismo de pesca,
melhorou a economia do município com a valorização dessa modalidade turística e
sustentável. Nosso município hoje já vivencia uma nova realidade quando tem a
pesca esportiva e não mais a pesca predatória”, comentou a prefeita.
O vice-prefeito de Itaúba (MT), Douglas Aziliero, também é
um entusiasta do turismo de pesca e os impactos econômicos na cidade. A
atividade que movimenta cerca de R$ 8 bilhões no país tem mudado o cenário em
Itaúba, cujas principais atividades econômicas são o setor madeireiro, pecuária
e a agricultura.
“Itaúba mudou o cenário de turismo na nossa região,
justamente por causa da pesca esportiva. Ela começou tem uns três anos e
somente no último ano, a gente movimentou mais de R$ 5 milhões com a pesca
esportiva. O segmento tem mudado a realidade de Itaúba, atraindo novos
investidores não somente na pesca esportiva, mas também em outros setores
porque estão vendo que a cidade vai se desenvolver através do turismo”, disse
Douglas, que também é proprietário da Pousada e Rancho Vem Ser Feliz, às
margens do Rio Teles Pires.
Defensor da Lei do Transporte Zero, ele defende que os
peixes vivos nos rios são muito mais economicamente importantes ao turista, aos
pescadores extrativistas que podem se tornar guias de pesca e para geração de
riqueza aos municípios.
“O peixe estava acabando nos nossos rios, e o governador
acertou na maneira de fazer a lei. Precisamos defender porque daqui a cinco
anos vamos colher o resultado de parar de matar os peixes. Com uma população
maior, vamos conseguir atrair mais turistas não só do Brasil, mas do mundo
todo”.
Antes mesmo da legislação, Douglas Aziliero conta que os
pescadores profissionais da cidade já tinham parado de abater peixes e
começaram a trabalhar como guias, ganhando quase o dobro do que eles ganhavam
quando mexiam só com a venda do peixe.
“Eles viram que essa vertente da pesca esportiva é mais
lucrativa para eles do que propriamente a pesca extrativista, e estão
conquistando coisas que antes eles não iam conseguir conquistar somente no ramo
da pesca extrativista”.
Presente em troca da preservação
Para evitar a morte de peixes no rio e preservar o turismo
de pesca, o empresário Marcos Martins, de Sapezal (MT), tomou a iniciativa de
remunerar com uma carretilha os pescadores que devolvem os peixes ao rio.
“Desde que nós começamos esse projeto, a nossa intenção era
deixar o peixe vivo, pois assim ele tem mais valor. No momento que você solta
um peixe no rio, deixa ele vivo e dá a oportunidade a outro pescador também se
divertir. Eu vejo muito pescadores ir ao rio para matar o peixe. A brincadeira
é ir pro rio, pegar o peixe, soltá-lo e se divertir com a família e os amigos”,
disse Marcos, que é proprietário da Reipar Caça, Pesca e Camping.
Ele adquiriu a loja em 2019 de um amigo e desde então tem
promovido competições de pesca esportiva e tem premiado quem devolve o peixe.
“Eu mesmo era um matador de peixe, mas percebi que ele vivo
tem mais valor agregado. Acredito que a lei do Transporte Zero é uma medida
fundamental para o turismo, transforma a vida do ribeirinho trazendo mais
oportunidade de ganho por meio da pesca esportiva”.
Transporte Zero
Por meio da Lei 12.197/2023, conhecida como Transporte
Zero, o Governo do Estado visa combater a pesca predatória nos rios. Estão
vedados o transporte, armazenamento e a comercialização das espécies Cachara,
Caparari, Dourado, Jaú, Matrinchã, Pintado/Surubin, Piraíba, Piraputanga,
Pirara, Pirarucu, Trairão e Tucunaré pelo período de 5 anos.
A atividade pesqueira continuará permitida aos povos
indígenas, originários e quilombolas, que a utilizarem para subsistência e,
também para comercialização e o transporte de iscas vivas.
Além dessas atividades, o novo projeto, ainda libera a
modalidade “pesque e solte” e a pesca profissional artesanal, desde que atendam
às condições específicas previstas na lei, com exceção do período de defeso,
que é a piracema.
Durante três anos, o Estado pagará indenização de um
salário mínimo por mês para pescadores profissionais e artesanais inscritos no
Registro Estadual de Pescadores Profissionais (Repesca) e no Registro Geral de
Pesca (RGP) que comprovem residência fixa em Mato Grosso e que a pesca
artesanal era sua profissão exclusiva e principal meio de subsistência.
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