Polícia Civil de MT aumenta em 62% número de operações e foca atuação na descapitalização de grupos criminosos
Da redação Paulo do Vale com informações Polícia Judiciária Civil de MT
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, no primeiro
trimestre deste ano, 154 operações, sendo parte delas para reprimir e
descapitalizar organizações criminosas que agem, principalmente, no tráfico de
drogas e sustenta ações ilícitas, como a lavagem de dinheiro para ocultar
transações ilegais.
No mesmo período do ano passado, foram realizadas 95
operações policiais, e, na comparação com o trimestre deste ano, o aumento foi
de 62%.
Somente nos três primeiros meses de 2024 foram presos 413
investigados nas operações realizadas em 15 regionais da Polícia Civil no
Estado.
Durante as operações, foram aprendidos e sequestrados
centenas de bens móveis e imóveis e valores bloqueados em contas bancárias dos
investigados. Um exemplo são 17 veículos, parte deles de luxo, sequestrados na
Operação Apito Final, coordenada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado
(GCCO) para desarticular um grupo criminoso que operou um esquema de lavagem de
dinheiro do tráfico, na capital, com a aquisição de bens móveis e imóveis.
Na avaliação da delegada-geral da Polícia Civil, Daniela
Maidel, as investigações qualificadas, produzidas a partir de levantamentos
técnicos, resultaram na deflagração de operações que desarticularam esquemas de
lavagem de dinheiro para ocultar o patrimônio ilícito de organização criminosa,
a exemplo das Operações Follow the Money, Gravatas e Apito Final.
“Esse planejamento que a Polícia Civil vem executando tem
um foco bastante específico, que é desarticular os esquemas financeiros e
descapitalizar essas organizações criminosas que atuam no tráfico como forma de
financiar outras ações criminosas e, ainda, lavando dinheiro com a compra de
veículos e imóveis em boas localizações como estratégia para tentar desviar o
dinheiro ilícito e dar aparência de legalidade. A investigação qualificada, com
as análises financeiras, tem surtido os resultados que apresentamos à
sociedade, com operações que apreenderam centenas de bens e bloqueio de milhões
de reais em contas bancárias dos alvos investigados além das prisões”,
argumentou a delegada-geral.
Gravatas
Em março, a Delegacia de Tapurah deflagrou a Operação
Gravatas para cumprimento de 16 ordens judiciais, com prisões preventivas e
buscas, contra quatro advogados, um policial militar e três líderes de uma
facção criminosa.
A investigação apontou que os líderes da facção criminosa
se associaram aos quatro advogados, que representavam o braço jurídico do
grupo, com a divisão de tarefas a fim de obterem vantagem de natureza
financeira e jurídica, entre outras, o tráfico de drogas, associação ao
tráfico, tortura e lavagem de capitais.
Os advogados realizaram tarefas além da atividade jurídica
legal, ou seja, atuaram à margem da lei para embaraçar investigações policiais,
repassar informações da atuação policial em tempo real, auxiliar em crimes
graves, como tortura, realizando o levantamento de dados das vítimas. Ainda,
intermediaram a comunicação entre os líderes da organização criminosa, que
estão presos, com outros integrantes que estão soltos.
Nova Colniza
No noroeste do Estado, a Delegacia de Colniza deflagrou,
também em março, uma operação para cumprir 20 mandados de busca e apreensão e
de prisão contra alvos envolvidos com o tráfico de drogas, homicídios, roubos,
agiotagem e ameaça.
Durante o cumprimento das ordens judiciais, cinco alvos da
operação foram presos em flagrante por tráfico e porte ilegal de arma de fogo.
Foram apreendidos R$ 40 mil e cinco armas de fogo.
Um levantamento realizado nos últimos quatro meses mapeou
as principais ocorrências na região e foi traçado um plano estratégico para combater as ações
criminosas no município e proporcionar maior sensação de segurança à população.
Doce Amargo
A terceira fase da Operação Doce Amargo foi deflagrada em
março, com o cumprimento de 151 ordens judiciais, entre prisões preventivas,
busca e apreensão e bloqueio de contas, contra traficantes de drogas sintéticas
que atuam na região metropolitana de Cuiabá.
As investigações apontaram que os traficantes atuavam de
forma associada, dividindo tarefas e também fornecendo os produtos ilegais a
outros contatos, também somando valores para compra de maiores quantidades de
drogas com qualidade mais refinada.
Follow the Money
Resultado de uma investigação subsidiada em levantamentos e
análises, inclusive financeira, dos envolvidos na lavagem de dinheiro do
tráfico de drogas em Sinop, a operação foi realizada em 21 de março, coordenada
pela Delegacia de Roubos e Furtos do município, com o cumprimento de 136 ordens
judiciais.
A investigação teve início com a apreensão de quase meia
tonelada de maconha, em uma chácara em Sinop, em julho de 2022. A partir de
então, a Derf de Sinop mapeou os envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro,
que utilizavam empresas fantasmas e também reais para dissimular o capital
ilícito, dando a aparência de licitude às transações ilegais.
Valores bloqueados e bens sequestrados judicialmente dos
alvos da operação somam mais de R$ 1 milhão. Foram apreendidos sete veículos,
entre carros de passeio, camionete, picape e motocicletas. Um dos veículos, uma
camionete Chevrolet S10 é blindada e outro é um modelo de luxo, um Jeep
Compass.
Uma farmácia em Cuiabá estava entre as empresas usadas na
lavagem de dinheiro. Os medicamentos apreendidos na operação foram doados à
Secretaria de Saúde de Cuiabá e somam R$ 190 mil.
Quarenta investigados foram presos na operação por força de
mandados judiciais e 12 suspeitos autuados em flagrante por posse de armas,
acessórios e munições de uso restrito e tráfico de drogas.
Apito Final
A operação, coordenada pela Gerência de Combate ao Crime
Organizado, desarticulou um esquema de lavagem de capitais criado por
integrantes de uma organização criminosa, em Cuiabá. Foram decretados 25
mandados de prisão e 29 de buscas e apreensão, além da indisponibilidade de 33
imóveis, sequestro de 45 veículos e bloqueio de 25 contas bancárias dos alvos
investigados.
A investigação da GCCO, realizada ao longo de dois anos,
apontou que o alvo principal, Paulo Witer Farias Paelo, colocado em regime
semiaberto em dezembro de 2023, utilizava diversas pessoas - entre amigos,
familiares e advogados que atuavam como ‘laranjas’ - para adquirir imóveis,
comprar e vender e locar veículos para movimentar o dinheiro das práticas
criminosas e dar aparência legal às ações criminosas. Vinte
alvos, entre eles o líder do grupo, foram presos durante a operação, além de
apreendidos e bloqueados inúmeros bens móveis e imóveis, como 17 veículos.
Paulo Witer foi identificado como tesoureiro da facção e
responsável pelo tráfico de entorpecentes na região do Bairro Jardim
Florianópolis, em Cuiabá, onde ele montou uma base para difundir e promover a
facção criminosa agindo com assistencialismo por meio da doação de cestas
básicas e eventos esportivos.
A investigação da GCCO apurou que o esquema movimentou R$
65 milhões na aquisição de imóveis e veículos. As transações incluíram ainda a
criação de times de futebol amador e a construção de um espaço esportivo
privado e a administração de um miniestádio público, estratégias utilizadas
pelo grupo para a lavagem de capitais e dissimulação do capital ilícito.
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