Brasil tem média de três feminicídios por dia e uma mulher morta a cada quase 7 horas
Da redação Paulo do Vale com informações AgoraMT
O Brasil registrou mais de mil casos de feminicídio por ano
de 2017 a 2022, uma média de três crimes deste tipo por dia ou uma mulher morta
a cada quase 7 horas. Nos últimos seis anos, 7.772 mulheres foram vítimas de
feminicídio em todo o país, segundo dados do Fórum de Segurança Pública. O
número vem crescendo desde que a lei foi criada, em março de 2015, e o Distrito
Federal já teve mais ocorrências nos primeiros oito meses de 2023 do que em
todo o ano passado.
Ano a ano, o país registra uma curva ascendente de casos,
batendo recordes de ocorrência — em 2022, foram 1.437 registros; já em 2021,
1.347. As informações foram publicadas no Anuário Brasileiro de Segurança
Pública de 2023.
Dados revelam que, desde que a lei foi criada, 9.150
mulheres foram mortas em casos de feminicídio. O número representa, em média,
três mulheres mortas por dia no país nos últimos oito anos pelo fato de serem
mulheres. O estudo também mostra que, em 35,6% dos casos de homicídio em que a
vítima é mulher, a ocorrência é tipificada como feminicídio.
Em 2022, os estados que mais registraram o crime foram São
Paulo (195), Minas Gerais (171), Rio de Janeiro (111), Rio Grande do Sul (110)
e Bahia (107). Já quando se leva em conta a proporcionalidade dos casos,
Rondônia (3,1 em cada 100 mil mulheres), Mato Grosso do Sul (2,9 em cada 100
mil mulheres) e Acre (2,6 em cada 100 mil mulheres) aparecem como os destaques
negativos.
Distrito
Federal
O Distrito Federal segue a tendência de alta nacional e já
ultrapassou em 2023 o total de casos registrados em todo o ano passado. Até
agosto, 25 mulheres foram vítimas de feminicídio na capital federal. Dados da
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF) mostram que, desde
2015, o DF registrou 175 mortes pelo crime.
Em um dos casos mais emblemáticos do ano, a policial civil
da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) Valderia da Silva Barbosa
Peres, de 46 anos, foi assassinada pelo ex-companheiro, na tarde de 11 de
agosto.
Valderia, morta em casa com 54 facadas na região do tórax,
foi encontrada por um dos filhos. A policial e Leandro Peres Ferreira estavam
juntos havia cerca de dez anos e passavam por um processo de separação. Segundo
um dos filhos da policial civil, o homem tinha saído de casa havia
aproximadamente um mês, mas insistia em reatar o relacionamento.
Retratos
do feminicídio
Segundo a SSPDF, a vítima mais nova desse tipo de crime
tinha 2 anos, e a mais velha, 69 anos. Além disso, 137 mulheres eram mães, e os
crimes deixaram 334 órfãos desde a criação da lei — 63% deles eram menores de
idade na época do crime.
A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão
(PP), assinou no começo deste mês duas leis de valorização e segurança das
mulheres da capital do país. Uma delas garante um auxílio aos órfãos desse
crime. A assistência pode chegar a até um salário mínimo — que hoje é de R$
1.320 — e vai ser repassada aos tutores legais de crianças e adolescentes que perderam
a mãe. Os beneficiários podem ter até 21 anos — caso comprovem situação de
vulnerabilidade — ou até 18 anos, e há exigência de apresentação do comprovante
de renda para obter o recurso.
Lei do
feminicídio
Em vigor desde 2015, a lei do feminicídio qualifica esse
tipo de crime quando o homicídio de mulheres ocorre devido à sua condição de
gênero. A legislação considera feminicídio quando o assassinato envolve
violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de
mulher da vítima.
A nova legislação alterou o Código Penal e estabeleceu o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio. Também modificou a Lei de Crimes Hediondos, para incluir o feminicídio na lista.
Imagem: Vandréia de Paula/AGORAMT
Fonte: https://www.agoramt.com.br/2022/08/mulher-morre-apos-ser-esfaqueada-pelo-ex-companheiro-em-rondonopolis/
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