Produção local pode melhorar alimentação em zonas urbanas
Da redação Paulo do Vale com informações Canal Rural
Oito em cada dez adultos (78,6%) que vivem em capitais
brasileiras mantinham, em 2023, uma alimentação sem a quantidade mínima de
frutas, legumes e verduras recomendada, índice que poderia melhorar com o
fomento à produção na zona urbana.
Esse é um dos alertas feitos por especialistas do Instituto
Escolhas e da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e
Sustentáveis, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Em publicação na quinta-feira (25), os pesquisadores
lembram que a porção diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
é de 400 gramas dessa classe de alimentos, essenciais para manter a saúde em
dia.
Segundo o estudo, menos de um quinto (19%) dos produtos
alimentícios adquiridos pelos domicílios (pessoa/ano/kg) foi de frutas, legumes
e verduras em 2018. Foram utilizados dados da Vigitel Brasil 2023 – Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico,
do Ministério da Saúde, para dimensionar o contexto atual.
Alimentos mais saudáveis têm sido substituídos por
ultraprocessados, que contêm aditivos químicos e representam risco à saúde, se
consumidos com frequência.
A ingestão desse tipo de produto preocupa órgãos como o
Conselho Nacional de Saúde (CNS), que divulgou informe destacando que é a favor
do aumento da carga de tributos sobre a categoria, como forma de desestimular a
compra por parte dos consumidores.
Na nota, o CNS ressalta que, “de 2006 a 2022, os preços dos
alimentos subiram 1,7 vezes mais que a inflação geral (IPCA) e que os alimentos
saudáveis tiveram elevação quase três vezes maior, comparados aos
ultraprocessados”.
Os pesquisadores que assinam o estudo observam que a má
alimentação é um fator relacionado ao sobrepeso corporal, à obesidade e ao
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer, diabetes
e as doenças cardiovasculares e respiratórias.
Uma das saídas apontadas pelos autores da pesquisa é
estimular a rede de produção de alimentos saudáveis localmente.
“Quando o alimento é produzido perto dos consumidores, há
potencial redução dos custos de transporte e comercialização, que se reflete no
preço final. Circuitos curtos de comercialização estimulam a venda direta dos
alimentos produzidos pelos agricultores locais aos consumidores das cidades,
sem a necessidade de muitos intermediários ou deslocamentos”, afirmam.
Estimativas do Instituto Escolhas, mencionadas no estudo,
indicam que a região metropolitana de São Paulo, por exemplo, teria potencial
para abastecer 20 milhões de pessoas com legumes e verduras todos os anos, caso
iniciativas dessa natureza fossem incentivadas. No caso de Belém, Curitiba, do
Rio de Janeiro e Recife, o contingente chegaria a 1,7 milhão, 551.910, 372.376
e 252.424 pessoas por ano, respectivamente.
Imagem: Agência de Notícias do Acre/Governo do Acre
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